terça-feira, 3 de novembro de 2015

Yoga no processo da dor

Já falamos aqui da dor da perda gestacional e o quanto é importante dar sentido para essa perda e vivenciar o luto.
Hoje trazemos sobre a importância da Yoga no processo da Dor.

Como o Yoga pode nos ajudar a lidar com nossas dores



Muito se fala do Yoga hoje em dia, essa prática virou moda. Para se manter a saúde, para buscar a restauração da saúde, equilíbrio, “mente sã”, etc.  O que mais se popularizou no ocidente foram as posturas, chamadas de ásanas e passamos a achar que Yoga é somente a prática dessas posturas, desses ásanas, com alguma mescla de  meditação e relaxamento.

Porém o que infelizmente poucos sabem, é que Yoga é muito mais do que isso. Yoga é uma filosofia de vida, que pode nos apoiar a vivenciar momentos difíceis, nos dando sabedoria e entendimento para atravessá-los, para chegar na outra margem do rio mais fortalecidos, com nossas dores e perdas ressignificadas.

Vivemos em uma época onde nossas tristezas devem ser escondidas atrás de um falso sorriso, onde não podemos nos dar um tempo de quietude e reflexão quando algo nos acontece, somos atropelados pela vida e também pelas mortes, e não podemos vivenciar cada processo no tempo necessário para nos recuperarmos. Vamos levando a vida quase que em um folego só, sem respirar.

Não sabemos mais ouvir alguém que sofre, não sabemos falar da nossa dor. Tudo o que falamos e ouvimos, normalmente vai na linha do: vai passar, vai dar tudo certo, tá na hora de superar, vamos a vida continua!...

E quando as coisas não dão certo? E quando a vida se interrompe? E quando a dor não passa?

Nos sentimos sozinhos, incompreendidos, abandonados. Normalmente nos fechamos  pois não encontramos alguém com quem possamos compartilhar, alguém que esteja com tempo para nos dar tempo de superar.

Com o Yoga aprendemos a respirar, aprendemos a inspirar e expirar profunda e 
lentamente. Aprendemos a ficar a sós com as nossas dores e acolhê-las. Aprendemos a dar tempo ao outro, a perceber que cada um tem o seu limite.

Compreendemos que o melhor a se fazer com algum acontecimento desagradável é vivenciá-lo. Sem apego percebemos que as coisas vêm e vão a seu tempo e que não adianta querer expulsar um sofrimento antes de estarmos prontos para deixa-lo ir porque isso acaba apenas reforçando sua presença.

O principal aprendizado que podemos ter com o Yoga é o autoconhecimento. Reconhecendo quem e o que somos, integrando e dando sentido ao que vivenciamos.  Buscamos conhecimento interno, ansiando chegar a um equilíbrio entre dor e prazer, luz e sombra, seguimos na intenção de encontrarmos equanimidade em nosso ser.

Uma outra forma de vivenciarmos o tempo e a vida se descortina com a prática da filosofia do Yoga. Apaziguamos nossa ansiedade em resolver problemas, conflitos. Passamos a nos conectar com nosso ser, ao entrarmos em contato com a nossa respiração, por exemplo, entramos em contato com a nossa maior intimidade. Quando buscamos atalhos para transpor aquilo que se coloca em nosso caminho deixamos de aprender. Se negamos nossa dor, perdemos a possibilidade de nos tornarmos melhores.

Autoconhecimento nos traz autonomia para fazermos escolhas mais verdadeiras, para através das nossas ressignificações, fazermos novas tentativas, buscarmos novos caminhos, ou o mesmo caminho, de uma forma internamente diferente.

O Yoga também ensina a persistir, a superar nossos limites sem nos desrespeitarmos. Dando tempo às nossas dores vamos ampliando nossa capacidade de resiliência. Sem pressa conseguimos dialogar com o nosso sofrimento, não desviamos mais o nosso olhar, “olhos nos olhos” aprendemos a lição de cada experiência, mas não estacionamos, seguimos em frente, com calma e tranquilidade.


Janaína Shirazawa de Freitas, é psicóloga, com mais de 10 anos de experiência na área de saúde mental.
Instrutora de Yoga para adultos, crianças e gestantes. Consteladora Familiar. 
Colaboradora e parceira do Maternidade Interrompida.

domingo, 9 de agosto de 2015

"Se eu te abraçar não tenha medo"

“ Quando estamos em contato com algo belo, que nos emociona, logo pensamos em compartilhar com quem gostamos”...
É com essa delicada dedicatória que ganhei de uma querida amiga o livro Se eu te abraçar, não tenha medo.
Então, compartilho com vocês essa forte e sensível biografia que é um fenômeno de vendas na Itália. Trata-se da “aventura” de muita coragem de um pai que contrariando todas as orientações médicas e de amigos parte em viagem pelos Estados Unidos à América Latina com seu filho Andrea que é autista. Uma bela e sensível leitura para os papais! De fato, é preciso saber amar o “tesouro” que se tem! O amor de um pai pelo seu filho se constrói a cada momento!

Boa leitura e Feliz dia dos Pais!!!

terça-feira, 30 de junho de 2015

Aborto Espontâneo: A dor da espera.

A imagem é um monumento à Criança não nascida e está na Eslováquia

“ (...) Se é difícil enfrentar a morte no fim da vida, o fim da vida logo no início é dor condenada ao silêncio.(...)”. (  Eliane Brum).
Gestação evoluindo! Imagina-se como será o bebê, como ele está crescendo! Chega o dia de mais um ultrassom. Alegria no ar, expectativas e ansiedade. Mas, diante da ultrassonografia observa-se que algo não vai bem... E o que era para ser motivo de comemoração, explosão de alegria e felicidade, se torna uma desilusão, um choque. Tudo começa a ficar confuso e sem sentido. Choro à tona e perplexidade! Medo, desesperança e o diagnóstico dado: “aborto retido, em curso”. Destino do bebê tão desejado selado. Algo está na contramão da vida!(?).
Momento de grande angústia para os pais. Desmoronam todos os projetos e expectativas diante da gestação. Um amargo e longo vazio os espera diante da espera do aborto espontâneo. Ou situações em que há muita ansiedade e urgência na busca por intervenções para acelerar e ou finalizar todo o processo do aborto.
Vivência traumática e difícil de suportar que por muitas vezes desorganiza todo o psiquismo da mulher, da relação do casal e dos projetos em torno de uma família que por hora não irá se concretizar. Momentos de negação, revolta e tristeza profunda.
A experiência de morte tão perto da vida, gera um sentimento de incapacidade de gerar uma nova vida. Surgem muitos sentimentos negativos e se não são bem conduzidos, abre-se espaço para culpas e acusações mútuas. É preciso lembrar, que o pai\ PARCEIRO  também sofre, se angustia, e por muitas vezes se silencia diante do seu sofrimento e da sua parceira. Por vezes instala-se aí uma grande dificuldade de falar, de atribuir representação a perda. Silêncio anunciado e não denunciado porque o luto do aborto é considerado um luto “não autorizado”. E como já disse aqui em outro post um luto não reconhecido socialmente.
O luto necessita de um tempo de elaboração e esse tempo  é singular para cada um. Se principalmente, a mulher\mãe não abre espaços para ressignificar a perda, acaba respondendo a sua “urgência” em ser mãe, em logo engravidar e preencher seu vazio. Perigo à vista!
A perda gestacional deve ser elaborada, para daí sim, o casal se recuperar, se reencontrar, se reafirmar no desejo por uma nova maternidade e paternidade!
Tempo, muito desejo e Coragem!
Compartilhe aqui sua dúvida e ou experiência.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A MATERNIDADE e o encontro com a própria sombra


É sem dúvida uma leitura que convida e por vezes até intimida, para momentos de muita reflexão e discernimento sobre a responsabilidade em maternar. Não basta desejar e ter um bebê! A maternagem envolve uma série de nuances e Laura fala de questões delicadas e “necessárias” sobre a psique feminina  e suas implicações e impacto diante da maternidade. Mas também, de como o estado emocional materno pode ser determinante para o bem estar do bebê e os cuidados com o mesmo.
O livro é dividido em 13 capítulos e chamo a atenção para os capítulos 2 ( O parto); 3 (Lactação) e 6 (Apoiar e separar: duas funções do pai). Mas sem dúvida, todos os capítulos merecem uma boa dose de reflexão! 
Então, boa leitura e boa semana!!

Editora: Best Seller
Onde encontrar: mdireto@record.com.br ou (21) 2585 2002

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Proibido Comparar da Autora Cristina Costa

Cristina, escritora portuguesa, mãe de 04 filhos, sendo mãe de dois “anjos”, relata suas vivências diante das perdas consecutivas de seus bebês.
A autora acredita que a sua obra possa ajudar mães que como ela sofreram com a perda gestacional e principalmente, que é possível apesar da dor e do desamparo diante da perda gestacional, ressignificar tamanho vazio e seguir, seguir desejando... mesmo que ainda a pergunta ecoe muitas e muitas vezes: afinal, qual  significado da perda de um filho, de um bebê?


quarta-feira, 25 de março de 2015

Para as mamães e futuras mamães!

Uma descontraída leitura que no mínimo traz boas
 reflexões de como educar/criar nossos pequenos.

ESCUTE ISSO!

NÃO, NÃO E NÃO CONSOLE UMA MÃE ENLUTADA! ACOLHA! OFEREÇA ESPAÇO PARA FALAR DA SUA DOR.


NÃO, NÃO E NÃO DIGA: “ LOGO VOCÊ ARRUMA OUTRO”! OU “FOI MELHOR ASSIM”.


“VOCÊ É NOVA”.


O QUE ESSA MÃE MENOS PRECISA É PRESSÃO DO TEMPO E DO OUTRO PARA ESQUECER SUA DOR, SEU VAZIO, SUA ANGÚSTIA DIANTE DA PERDA.

Terapia Crânio Sacral

A Terapia Crânio Sacral, consiste aqui, em um trabalho nos tecidos e na energia do corpo visando o reequilíbrio após o trauma físico e/ou emocional. Uma gravidez interrompida é um processo fisiológico interrompido. Isso gera desequilíbrio no corpo, que estava preparado para levar a gestação até o fim. Trabalha-se através do toque leve, no nível da memória celular para que o que se passou no corpo seja compreendido e para que haja um reequilíbrio.

Colaboração: Joelma Bezerra Martins - Fisioterapeuta e Terapeuta Crânio Sacral

É com prazer e com "dever" que eu apoio esse projeto: até breve, José


Este livro é fruto de cartas que a mãe Camila Goytacaz escreve para seu filho enquanto gestava e continua a escrever quando o perde com 11 dias de vida! "É um relato pessoal, uma homenagem com a intenção de resignar o luto, de dar voz às Mães que perdem e de trazer esperanças e paz. 
Não é um livro de auto ajuda e sim um livro focado na perda.
Tem também uma passagem sobre a perda gestacional, mas diz a respeito dos bebês que morreram muito cedo." Camila Goytacaz (divulgação com autorização da autora).

sábado, 14 de março de 2015

Sentidos do Nascer - Exposição em Belo Horizonte

Nesse mês de Março a UFMG receberá a exposição interativa e fechada ao público "Sentidos do Nascer". O objetivo da exposição é sensibilizar para a causa da humanização da assistência ao parto e nascimento e também provocar uma mudança da percepção sobre o nascimento, valorizando o parto normal. A partir do dia 07 ao dia 26 de Abril a exposição estará aberta ao público no Parque Municipal, depois irá para o Boulevard Shopping.
Participem!
"Para mudar a forma de viver, há que se mudar a forma de nascer". Michel Odent
Saibam tudo sobre essa bela exposição: Sentido do Nascer

A perda de um bebê

A perda de um bebê, de um filho (a) tão desejado é uma vivência traumática, uma devastação na alma. É um grande sofrimento psíquico e físico. Engana-se quem pensa que a dor da perda gestacional, seja de um aborto espontâneo, seja de uma gestação interrompida, acaba quando se perde o bebê. Não, e não mesmo! Não é somente uma gravidez que se perdeu, e sim um filho e com a perda dele, um vínculo que é rompido. Sonhos e esperanças interrompidos. Desejo de gestar adiado e um turbilhão de emoções acerca da perda. Dúvidas, medo, frustração, culpa, vergonha, vazio, desesperança. Como? Isso não podia ter acontecido! Afinal, morrer antes de nascer está na contramão da vida!


Se infelizmente, o bebê não teve tempo para nascer, não nos esqueçamos que a relação da mãe com o seu bebê nasce muito antes do próprio nascimento “real” do filho. 


Como lidar com a interrupção da maternidade? Como se reposicionar diante da vida, do Outro? Como se esvaziar –se de tantos sentimentos que ora eram de alegria, felicidade, conquista, planos, projetos, investimentos e esperança e lidar com sentimentos contrários diante da perda e do desamparo? 


Cada MÃE vai ter sua resposta emocional diante da perda de forma singular e é necessário que se sinta acolhida em sua dor, apoiada, compreendida. Que receba atenção e informação médica e psíquica. Que tenha TEMPO para escutar sua própria dor e TEMPO para elaborar e ressignificar o luto e o enorme vazio provocado pela perda gestacional.


Pensando neste sofrimento emocional e físico da perda gestacional, que o consultório Via Palavra, oferece um espaço terapêutico para acolher, partilhar, escutar, informar e orientar, Mães, Pais, Familiares que estão vivenciando a perda de um bebê a qualquer tempo do período gestacional.


A vivência traumática diante da perda não precisa ser vivenciada de forma solitária. A dor, o vazio, a tristeza, os sentimentos muitas vezes confusos podem e devem ser partilhados e a estes sentimentos atribuir –lhes representações  a tão dolorosa perda.


Sem dúvida, é um sofrimento genuíno, legítimo e deve ser acolhido, porque a perda de um filho se não elaborada, não ressignificada, não CHORADA pode refletir no emocional não só desta Mãe –Mulher, mais também do seu parceiro impactando muitas vezes a relação do casal, bem como também, da relação com o filho (a) que já possa existir no núcleo familiar.


É preciso desmitificar certos conceitos e mitos acerca da perda gestacional bem como dignificar este sofrimento e reconhece-lo socialmente.